10.04.2006

Natal... o Natal... Esperem, esperem, não fujam! A sério. Tenho coisas importantes para dizer sobre o Natal! Bom, o Natal... sempre detestei o Natal. Até aos meus 5 anos devo ter gostado... lembro-me vagamente de receber Legos na manhã de dia 25! Legos! O que eu gostava de Legos! Mas como não tenho grande memória dessa altura, não tem grande importância também. O que importa é que desde que perdi a minha avó e que percebi que o sentido da vida eram as suecas (ainda que morenas) e que o Pai Natal não ia na cantiga, deixei de gostar do Natal. Desde aí, a coisa tem vindo sempre a piorar. Tudo começa quando, a dada altura, numa pacata noite de copos, avisto uma iluminação de Natal. Costuma acontecer pelo início de Outubro (acho mesmo que já aconteceu em Setembro). E pelas 9 da noite. A primeira reacção é de pânico. Depois, penso que estou bêbado. Mas não. Eu ainda não bebi. E a iluminação está ali mesmo. Ainda que disfarçadinha, apagada. Mas não deixa de estar ali. Sei, nesse momento, que se adivinham tempos difíceis. Sei que uma semana depois a mãezinha está a ligar para assegurar que não vou fugir para o estrangeiro durante o Natal (se é que não o fez já em Setembro). Sei que duas semanas depois a mãezinha está a ligar novamente para "combinar o Natal". Como se houvesse alguma coisa para combinar... é aparecer lá em casa, e deixar a coisa passar... de forma rápida e indolor, tanto quanto possível. Não tem grande ciência - é o famoso "aguenta". Sei que se adivinham horas perdidas a tentar estacionar em centros comerciais para comprar prendinhas para aqueles que nos são mais importantes. E, já agora, prendinhas também para aqueles para quem nos estamos a cagar durante o ano inteiro. Sei que se adivinham filas intermináveis em tudo quanto é loja... e que tudo estará mexido e remexido. Sei que andará no ar um cheiro nauseabundo a boa vontade e amor ao próximo - até aparecer um filho da puta que nos rouba o lugar onde íamos estacionar. Com o Natal aparecem também os Pais Natal brasileiros, os Pais Natal que arrumam carros, os Pais Natal heroinómanos e os monhés deixam de vender rosas para passar a vender gorros de Natal e outras merdas que piscam. E se não tenho paciência para brasileiros, arrumadores, drogados e monhés durante o ano inteiro, não é no Natal que vou passar a ter. E sinto-me mal por ser bruto com alguém vestido de Pai Natal. Sei que o paizinho vai voltar a insistir para que eu faça uma árvore de Natal em minha casa... e que me vai custar explicar-lhe que os peixes não ligam nenhuma à árvore. Sei que sentirei uma solidão parva ali por alturas do 25 de Dezembro. Sei que sentirei um vazio ainda mais parvo depois do dia 25. Mas nem tudo é mau. Sei que se adivinha o tão aguardado jantar de Natal da empresa! Sim, ouviram bem: o tão aguardado jantar de Natal da empresa ao qual é impossível fugir!!! Sei que vou ter um trabalho do caralho a escrever e assinar cartões de Natal para contactos, clientes e fornecedores. Sei eu vou receber dezenas de cartões de Natal de filhos da puta que não fizeram o ano todo outra coisa senão foder-me a cabeça e dizer-me "não". Mas é como vos digo: nem tudo é mau no Natal. A sério. Quer dizer, mau é. Mas não é péssimo. Posso rever o gato que deixei em casa dos meus pais (e ficar tristíssimo ao constatar que não tenho vida para ter um gato). Posso rever na TV pela enésima vez o Do Céu Caiu Uma Estrela (e perceber que a minha vida é insignificante e que sou insignificante para todos os que me rodeiam). Posso comer montes de doces (apesar de ter estômago de passarinho). Posso ver nevar (coisa que não acontece em Lisboa nem arredores). Esperem, esperem! Estou a lembrar-me de mais coisas boas que nos traz o Natal: os anúncios idiotas, a febre consumista... e, muito melhor do que isso, a aproximação da Passagem de Ano!!! Confesso que não gosto do Natal. Confesso que sempre sofri muito com o Natal. Mas... este ano... a coisa pode ser diferente. Talvez por ser o meu primeiro Natal depois dos 30 anos. Talvez por no último ano me ter federado na modalidade olímpica do "tou-m'a cagar". Talvez por ter visto apenas *uma* iluminação de Natal (está ali no Rato, caso a curiosidade mórbida vos esteja a fazer questionarem-se "onde? onde?"). E, quiçá, quando vir a cidade infestada de iluminações e as montras decoradas comece a espumar da boca, a caminhar de forma estranha e a fazer pontaria ao filho da puta do arrumador que, de Destak na mão e gorro na cabeça, me diz que há um lugar mesmo em frente ao parquímetro! Oh oh oh...

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Eu gosto do Natal...Secalhar mais por ter um pequenito lá em casa.Gosto daquela magia que só as crianças transmitem. Gosto de estar com a familia nessa noite, gosto das conversas, das lembranças, dos sorrisos, da lareira acesa... E até gosto de ver as ruas iluminadas...Este ano, na Rua Ferreira Borges(bem perto do Rato) começaram a colocar iluminação no inicio de Setembro(se é que não foi em Agosto)... A única coisa que me deixa mais pensativa, é que de ano para ano o natal surge com mto mais rapidez...O tempo passa a correr...

10:36 da manhã  
Blogger sarrafo said...

Olha paneleiro deixa-te de merdas com esse estigma, li uma coisa que não gostei. Essa treta do insignificante veio a propósito do quê, já não te lembras dos pastéis de bacalhau é? Eu vou-te aos cornos!
Depois temos que combinar aí uma cena para eu te dar finalmente a tua cena e tu a minha, vai pensando nisso.

4:46 da tarde  
Blogger marsalho said...

Escolhe cassete, cd, dvd ou essas coisas novas que vocês agora utilizam... carrega no play e vê o filme.

8:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu, pais divorciados, Natal, enorme dor de cabeça. Odeio. O que vale é que ao mesmo tempo que já foi melhor (tipo até aos 5 anos), também já foi pior.

9:18 da manhã  
Blogger Magnolia said...

JÁ VI ESSE PINDERICALHO NO RATO!! Eu que raramente passo por ali, tss tss... parece que é de propósito para irritar uma pessoa!

3:22 da tarde  

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