Deambulações...
O jetlag (mas dos bons) é uma coisinha um bocadinho mais séria do que eu imaginava. Na melhor das hipóteses, só custa dois dias (o dia em que chegamos e o dia em que regressamos). Mas são dois dias fodidos. É giro termos no relógio 2 da manhã e ser noite cerrada no avião, e passada uma hora serem 3 da manhã no relógio, aterrarmos em Lisboa em pleno dia, e cá serem já 8 da manhã! É giro. É muito giro. *NOT*
Nunca imaginei que uma simples escala em Nova Iorque (quando o destino final não é sequer os EUA) fosse tão complicada. Achava eu que 2 horas entre dois aviões ia ser uma seca. Mas não. Lista de coisas giras para fazer durante uma escala num aeroporto norte-americano: impressão digital do indicador esquerdo, impressão digital do indicador direito, fotografia para a webcam, preencher formulário a dizer que não levo comigo bombas, armas, drogas, animais, virus, vacinas, que não estive em quintas nem em contacto com gado ou aves nos últimos 15 dias, que não sou terrorista, que não planeio assassinar o Presidente dos EUA, que nunca raptei crianças, que não tenho familiares nazis, que não tenho doenças contagiosas... devo dizer também em que morada dos EUA vou ficar, apesar de NÃO ficar lá... e apesar de ter preenchido os formulários tenho ainda que responder verbalmente que sim, que fui eu que fiz as minhas malas, que não, não tenho explosivos lá dentro... e depois do raio-x ainda tenho que passar noutro raio-x, desta vez sem sapatos... e apesar de já ter passado no raio-x ainda me revistam a bagagem de mão à procura de líquidos... e depois volto a ir a outra máquina para tirar nova impressão digital ao indicador esquerdo, nova impressão digital ao indicador direito, e nova foto para a webcam, e depois o Sr. pergunta se estou ali em business ou pleasure e, quando acho que respondendo business posso ir à minha vidinha, o Sr. pergunta-me o que faço exactamente, e qual o nome da empresa, e qual o core business da empresa, e quando regresso... e depois tenho que ir recolher a bagagem de porão (apesar de estar apenas a fazer escala)... e depois tenho que voltar a recheckar a bagagem de porão... e depois chego à porta de embarque, há uma senhora que me olha furiosa a dizer que o avião está à minha espera e eu digo:"oh minha puta do caralho! não é que tenha estado a mamar jolas ali no restaurante, tá!? por isso acalma lá os cavalos!"
Dude... já vi o Borat (o filme)... é de morrer a rir... ainda me dói tudo de tanto rir. Uns dias depois, acabaria numa festa e ao meu lado estava o Borat (aka Ali G) himself, out of character... mesmo ao meu lado... ali, ali, ali... e disse para o amigo (ainda me lembro): "let's grab something to eat first" Tive que me conter para não me agarrar ao homem a dizer que era o meu herói. Mas fiquei triste por não ter sacado um autógrafo. By the way, o gajo, out of character, é o gajo mais normal do mundo... passa totalmente despercebido. I met God! Dude, I met God! Mais tarde, uma gaja que devia ser jornalista abordou-o e, delicadamente, ele afastou-a dizendo "sorry, I don't do interviews out of character".
Em 4 vôos, acho que ninguém bateu palminhas. What da fuck!? Hoje quando cheguei a Lisboa, um puto estúpido que ia sentado ao meu lado queria começar a bater palminhas, mas eu comecei a tossir e ele desistiu da ideia. Res-pek?
O Marriott é sempre o Marriott, e eu adoro o Marriott... mas este Marriott tinha pequenos defeitos. Por exemplo: o quarto tinha pouca luz, faltavam-lhe candeeiros para um quarto tão grande; havia um problema com a máquina do gelo do meu piso e os gajos tiveram que por uma toalha no chão, lá num canto... não se via, mas fica mal; o meu quarto era em frente aos elevadores e, se eu estivesse caladinho (durante a noite) e com muita atenção, conseguia ouvir o *blim* do elevador. Enfim... primeiro as gajas, depois o Marriott... eu e os pequenos defeitos. E eu que fui tão feliz em pensões dos Aliados, em quartos sem janelas, onde as toalhas lavadas vinham com unhas agarradas.
Sinto-me estranho...