3.31.2006
Ontem almocei com o Adolfo. Não consigo falar espanhol. É absurdo. Transcende-me. Talvez compreenda agora os espanhóis que não conseguem compreender português. Desde que conheci o Adolfo rapidamente chegámos ao consenso de que falaríamos em inglês. É estúpido, mas é a única maneira de nos entendermos. Eu até o entendo em espanhol, mas se ele fala em espanhol eu tendo a reagir respondendo-lhe em português. E ele não entende. Em inglês, lá nos vamos entendendo. O problema é quando somos mais do que dois. Tipo ontem. Eu falo inglês com o Adolfo. O meu chefe fala espanhol com o Adolfo. O Adolfo responde-me em inglés. O Adolfo responde ao meu chefe em espanhol. Eu falo com o meu chefe em inglês. O meu chefe fala comigo em espanhol. Aceno que sim. Falo com o meu chefe em português. O meu chefe fala comigo em português. O Adolfo olha de lado. O meu chefe fala comigo em inglês. Eu falo com o meu chefe em inglês. O Adolfo acena e responde-nos em espanhol. É sinistro. Tudo porque, por um motivo que me transcende, não consigo falar espanhol. Eventualmente, o mesmo motivo que incapacita o Adolfo de compreender português.
Observo com estupefacção a insconsciência com que uma mãe repreende a sua criança utilizando palavras como "feio", "estúpido" e "anormal".
3.30.2006
3.29.2006
Gosto de por caras nos nomes. Mais: gosto de por caras nas vozes. Por vezes, o trabalho obriga-nos a relações em que acabamos a falar com alguém durante meses e anos sem nunca nos conhecermos pessoalmente. Vamos criando imagens mentais. Imagens viciadas por outras relações que mantemos. Imagens viciadas pelo estilo da escrita que lemos. Imagens viciadas pela entoação das conversas telefónicas. Imagens viciadas pela forma como a outra parte reage a imprevistos. Hoje conheci pessoalmente a Margarida. Falo com ela há quase dois anos. Sempre a imaginei a atirar para o boa, embora no campeonato do filme porno. Imagino que ouvi-la passada ao telefone tenha ajudado a construir essa imagem. Imagino que os mails dela com frases tiradas de uma rima de hip-hop e linguagem SMS tenham ajudado a moldar essa imagem. A Margarida sempre deu luta - aí tiro-lhe o chapéu. Mas sempre a mantive controlada. Afinal, isto não é o da Joana. Ao longo dos tempos, tenho conhecido muitas caras que nada têm a ver com as caras que imagino. Não foi o caso da Margarida. A Margarida é exactamente o que eu imaginava. Reconheci-a no meio da multidão, como se fossemos as únicas pessoas ali. Apesar de um pouco mais baixa e mais magra do que imaginei, a Margarida atira para o boa - no campeonato do filme porno, lá está. Tal como ao telefone, também frente a frente a Margarida é impulsiva. E, por algum motivo, tal como ao telefone, também frente a frente lhe imponho algum respeito. Gosto de por caras nos nomes. Mais: gosto de por caras na vozes.
Às vezes, apetece-me desistir de tudo, pensar "who the fuck cares?" e dar um tiro nos cornos. Inevitavelmente, acaba por aparecer um(a) imbecil qualquer que me faz perceber a importância que eu tenho. Como diria o outro: "se passas pelo mundo sem encontrar alguém que te odeie, isso sim é preocupante."
Querido diário... hoje acordei à hora do costume. Fiquei na cama 10 minutos enquanto ouvia as notícias e me mentalizava que tinha que me levantar. Tomei banho, arranjei-me, fiz a cama, comi os cereais e dei de comer aos peixes. Logo pela manhã, trânsito. Sabes que sou demasiado comodista para usar transportes públicos. Cheguei a horas ao trabalho, como habitualmente. Não havendo lugar MESMO à porta, optei por estacionar numa curva num lugar inventado por mim - enquanto suspirava "ainda bem que não estou na Suécia!" O dia de trabalho foi normal. Alguns stresses, alguma risada e bastante trabalho. As miúdas do emprego continuam a fazer-me cenas de ciúmes. Não posso dar atenção a uma sem ter que dar atenção a todas as outras. É uma canseira. Almocei costoleta de novilho, divindo dose, numa marisqueira lá do burgo. Depois de almoço trabalhei mais um bocado. Tive uma reunião lamentável. Preparava-me para regressar a casa quando me convenceram a ver o Glorioso. Sabes que gosto tanto de bola como de pontapés nas costas. Mas lá acabei a beber copos num restaurante manhoso ao pé do Rato enquanto ia olhando de soslaio para a televisão. Às 22h fomos jantar. Comi novamente um bifinho grelhado. Agora que penso nisso, talvez esteja a abusar da carne. Como era cedo para irmos às putas, optámos por ir beber um copo ao Bairro Alto. Estacionei ao pé dos Bombeiros. Gosto mesmo de sair às 3as. Bebemos uns copos e encontrámos mais malta. Tivémos as conversas parvas do costume. Apesar de haver ainda quem insistisse em ir às putas, a maioria encontrava-se cansada. Optámos por ir para casa. Sim, porque amanhã trabalha-se. Mas amanhã falamos, tá?
3.28.2006
As coisas que tenho ouvido:
Arcade Fire
Anja Garbarek
Arcade Fire
Télépopmusik
Arcade Fire
Gotan Project
Arcade Fire
Lali Puna
Arcade Fire
Arcade Fire
Anja Garbarek
Arcade Fire
Télépopmusik
Arcade Fire
Gotan Project
Arcade Fire
Lali Puna
Arcade Fire
3.27.2006
3.26.2006
Enquanto jantávamos, lamentou não poder voltar 7 anos atrás e deixar o namorado da altura. Lamentou eu ter ficado por cá, enquanto ela regressava aos Estados Unidos. Lamentou termos perdido contacto, acabando ela por casar com um bancário inglês. Confessou não se ter apaixonado, mas sim encontrado alguém que a tratava bem. Lamentou ter que regressar a Inglaterra, ficando eu por cá novamente. Pediu-me para a levar a ver o mar antes de a levar ao aeroporto. Não a vejo há 3 anos, e nos últimos 10, estivémos juntos 3 dias. Continua a ser uma das pessoas que melhor me conheceu.
3.24.2006
Cruzou-se comigo no corredor e convidou-me para beber um copo. Expliquei-lhe que a minha vida é muito complicada, que estava sem seguro no carro, que a menos que os filhos da puta da seguradora se dignassem enviar-me uma guia provisória até às 18h, copos durante o fim-de-semana, chapéu! Ela disse-me logo que não havia problema, que ela tinha mãozinhas e gasolina no carro. Mesmo sabendo-me suburbano, ela estava disposta a ir buscar-me. Afinal, se é para beber um copo, é para beber um copo. Naquele momento lembrei-me de uma coisa: além de miúdas queridas, gosto de miúdas que se mexem. E lembrei-me de outra coisa muito mais importante: o quanto odeio miúdas mimadas.
3.23.2006
Olho para os 600 mails que tenho por ler. Há já muito que perdi a paciência para ler anedotas, ver pequenos filmes, reflectir sobre powerpoints inconsequentes, ler mensagens de apelo e sei lá mais o quê. Pontualmente, deparo-me com um anúncio verdadeiramente engraçado ou com uma fotografia bem conseguida. Mas são casos pontuais. O lixo abunda. E vem de todos os lados, mais do que uma vez, ontem, hoje e amanhã. Perde-se demasiado tempo com a praga dos mails. Não tenho paciência. Nem no trabalho nem em casa. Ontem calhou abrir um desses mails. Um mail de texto, daqueles que dizem "não apagues, lê até ao fim". São os piores. Sou céptico por natureza. Duvido de quase tudo. Então quando se fala de Internet, duvido de tudo mesmo. Não há paciência para a promoção (inexistente) da Sony, para a criança desaparecida (com um tipo de sangue que não existe), para os cãezinhos para dar (com um número de telefone não atribuído), para a burla da Via Verde (sem qualquer fundamento). Mas lá acabei a olhar para aquele mail. Não sei porquê. Talvez porque falava da Suécia (e eu gosto de suecas). O mail era o suposto relato de um português a trabalhar há 15 anos na Suécia, funcionário da Volvo. O mail tinha todos os lugares comuns habituais, todos os clichés, todo o non-sense de um mail com a presunção de querer mudar o mundo. No meio de muita palha, o suposto português relata um episódio. Lá na Volvo, onde trabalham milhares de pessoas, o parque de estacionamento é gigantesco. Nos primeiros dias de trabalho, o nosso amigo português apanhava boleia de um colega local. Faziam a viagem calados, claro está (afinal, os suecos são frios como toda a gente sabe). Para perplexidade do português, o colega estacionava o carro longíssimo da entrada do edifício, havendo lugares à porta. O português achava estranho, mas ficava na sua, calado. Um dia, o português acabou por perguntar ao colega sueco por que motivo não estacionava ele à porta, havendo lugares. O sueco terá respondido com a maior das naturalidades que como chegavam cedo tinham tempo para andar um pouco; e deixava os lugares mais próximos do edifício para quem chegasse atrasado. O mail continuava com um chorrilho de lugares de comuns e pseudo-crap-newage. Sou céptico por natureza. Duvido de quase tudo. Então quando se fala de Internet, duvido de tudo mesmo. Este mail não foi escrito por um português a trabalhar na Suécia. Tenho a certeza. Mas deixou-me a pensar. Será mesmo possível (seja aqui ou na China - quer dizer, Suécia) criar-se uma consciência colectiva de respeito e consideração pelo próximo? Uma consciência que contrarie em tudo a chico-espertice que tanto nos caracteriza? Não somos os únicos chicos-espertos do mundo. Basta ver Os Simpsons para perceber que o problema é global. Ou quase. Fico ainda a pensar. Não seria uma chatice estacionar longe só por consideração ao próximo? Afinal, o comodismo é tão bom. Imagino-me nessa situação. Claro que estacionaria à porta. Então se fosse o lugar mais próximo da porta até esfregaria as mãos de contentamento. Interrogo-me novamente. Não seria melhor um mundo em que optássemos por estacionar mais longe, tivéssemos nós tempo, por consideração ao próximo? Não me parece possível. Curiosamente, constato que há não muito tempo a minha principal preocupação era estacionar o mais próximo possível do local de trabalho. E para isso valia tudo: quatro rodas em cima do passeio, condicionar a passagem a peões, obstruir a porta de um prédio, encostar ao carro do lado, da frente ou de trás. Hoje, a minha principal preocupação é não incomodar. Talvez por não gostar de, enquanto peão, ter que andar na estrada a desviar-me de carros que estão em cima do passeio. Talvez porque não gostava que me obstruíssem a porta do prédio. Talvez por não gostar que encostem o carro ao meu. E para isso não me importo de estacionar mais longe, seja de casa, seja do local de trabalho. Claro que fico feliz da vida quando tenho um lugar à porta, mas pronto, sou humano. Acima de tudo, gostava de acreditar num mundo em que a consideração pelo próximo fosse um dado adquirido - fosse no estacionamento, fosse na mais banal das relações humanas.
Durante anos e anos e anos hesitei entre dois estilos apostos de gajas: a bitch with attitude e a miúda querida. Em boa verdade, fucei nas bitches with attitude e cheguei mesmo a jogar nesse campeonato. Há já algum tempo que deixei de ter dúvidas. As bitches with attitude que vão dar banho ao cão; o que eu mereço mesmo é uma miúda querida.
3.21.2006
Chego a casa. Acordei cedo. Estou cansado. O céu está já escuro. Está frio na rua. Ameaça chover. Apetece-me tudo menos correr. Mas apetece-me também correr. Equipar-me é um pincel. Aquecer e alongar ainda mais. O calção parece-me um disparate. Está frio e pingam umas gotas de chuva. O mundo parece-me estranho. O trânsito está ainda intenso. Todos regressam a casa. Todos começam a jantar. Eu pronto para correr. O aquecimento põe-me o corpo a mexer. Sinto-me pronto. Play no MuVo e start no monitor cardíaco. Começo a correr. Cinco minutos passam. O corpo está quente. Cá fora está frio. Gosto do contraste. A música transporta-me para outro sítio. Os carros que passam por mim motivam-me para continuar a correr. Cruzo-me com um tipo que corre. Gosto sempre de me cruzar com tipos que correm a horas estranhas. Sinto-me menos bicho. Vejo o mar. Vejo as ondas. Vejo pescadores. Gosto de tudo o que vejo. Cheira a maresia. Adoro. Há ondas que rebentam lá em baixo. Adoro. Levo com salpicos na cara. Adoro. Continuo a correr. Um carro buzina. Lá dentro, duas gajas acenam. Sorrio e continuo a correr. Acabo por parar no momento que queria. Sabe-me bem. Mesmo bem. O corpo parece ainda uma locomotiva. Respiro fundo. Muito fundo mesmo. O calção revelou-se a escolha mais acertada. Como sempre. Acabo por parar. Estou no céu. Ou num estado bastante zen, vá lá. Olho de frente para o mar antes de regressar a casa. Passa por mim um tipo a correr. Outro inicia-se ainda em alongamentos. Não sou o gajo mais estranho do mundo, afinal. Nem tão pouco tenho horários pouco ortodoxos para o exercício físico. Corri. Tudo o que era mau passou a ser bom. Chego a casa revigorado, com as baterias recarregadas. Sinto-me activo. Sinto-me bem. Sinto-me vivo. E penso: "fodasse!! tenho que escrever esta merda, não vá começar outra vez a chiar que correr é muito giro mas que cansa pa caralho!"
Amigas. Outroras grandes amigas. Enamoram-se. Juntam-se. Casam-se. Deixam de me ligar. Deixam de me passar cartão. A conclusão que eu tiro? Que só me queriam comer. Só pode.
Redecoraram a minha parte preferida do Casino. Não sei se gosto. Está tudo demasiado transparente. Literalmente.
3.20.2006
3.18.2006
3.16.2006
3.14.2006
E lá vou eu em mais uma corrente blogosférica... a Mipo é amiga.
- O que estava a fazer há 10 anos atrás?
Estava perdidíssimo da vida, deambulando entre um curso que nunca viria a acabar e a sala da cinema mais próxima. Quem me viu e quem me vê... é inacreditável. Mesmo. As voltas que a vida dá. Ou, melhor dizendo, as voltas que conseguimos dar à vida. Mas as merdas não caem do céu, ah pois não!
- O que estava a fazer no ano passado?
4 salti. Estou a brincar. Não, é bem possível que esteja a falar a sério. Seja como for... fora isso, fazia o mesmo que faço hoje; apenas não era tão bom a fazê-lo. Mas também não era tão giro, nem tão interessante, nem tão modesto.
- Cinco snacks de que gosto:
Croquetes (adoro), pastéis de bacalhau (adoro), pistachos (se começo, não consigo parar de comer), chocolates (já gostei mais, mas raramente digo que não) e batatas fritas (também já gostei mais, mas de vez em quando sabem mesmo bem).
- Cinco músicas cuja letra conheço de cor:
Completa? Acho que nenhuma...
- Cinco coisas que faria se fosse milionário:
Não sei. Saía de Portugal e logo pensava. Faria mil coisas, certamente... mas gostava particularmente de pegar em um ou dois putos todos ranhosos (mas com potencial) e dar-lhes condições para um dia poderem ser alguém.
- Cinco coisas que gosto de fazer:
Gosto de filmes, música, copos e gajas. Bons, boa, com amigos e que não chateiem, respectivamente.
- Cinco coisas que nunca voltaria a vestir/calçar:
Galochas..?
- Cinco "brinquedos" favoritos:
Carro (ora brinquedo favorito, ora brinquedo odiado), DVD (tem mais uso que o frigorífico), kit prologic (idem aspas), monitor de frequência cardíaca (o melhor amigo do homem saudável) e aquário (peixes, plantas e acessórios incluídos).
Não passo a ninguém. São livres de pegar e levar.
Ok, ok, eu passo. Toma, toma, toma, toma e toma.
- O que estava a fazer há 10 anos atrás?
Estava perdidíssimo da vida, deambulando entre um curso que nunca viria a acabar e a sala da cinema mais próxima. Quem me viu e quem me vê... é inacreditável. Mesmo. As voltas que a vida dá. Ou, melhor dizendo, as voltas que conseguimos dar à vida. Mas as merdas não caem do céu, ah pois não!
- O que estava a fazer no ano passado?
4 salti. Estou a brincar. Não, é bem possível que esteja a falar a sério. Seja como for... fora isso, fazia o mesmo que faço hoje; apenas não era tão bom a fazê-lo. Mas também não era tão giro, nem tão interessante, nem tão modesto.
- Cinco snacks de que gosto:
Croquetes (adoro), pastéis de bacalhau (adoro), pistachos (se começo, não consigo parar de comer), chocolates (já gostei mais, mas raramente digo que não) e batatas fritas (também já gostei mais, mas de vez em quando sabem mesmo bem).
- Cinco músicas cuja letra conheço de cor:
Completa? Acho que nenhuma...
- Cinco coisas que faria se fosse milionário:
Não sei. Saía de Portugal e logo pensava. Faria mil coisas, certamente... mas gostava particularmente de pegar em um ou dois putos todos ranhosos (mas com potencial) e dar-lhes condições para um dia poderem ser alguém.
- Cinco coisas que gosto de fazer:
Gosto de filmes, música, copos e gajas. Bons, boa, com amigos e que não chateiem, respectivamente.
- Cinco coisas que nunca voltaria a vestir/calçar:
Galochas..?
- Cinco "brinquedos" favoritos:
Carro (ora brinquedo favorito, ora brinquedo odiado), DVD (tem mais uso que o frigorífico), kit prologic (idem aspas), monitor de frequência cardíaca (o melhor amigo do homem saudável) e aquário (peixes, plantas e acessórios incluídos).
Não passo a ninguém. São livres de pegar e levar.
Ok, ok, eu passo. Toma, toma, toma, toma e toma.
Ele tenta convencer-me que todas as mulheres têm, por definição (porque são mulheres), oscilações bruscas de humor. Tenta convencer-me ainda que as mulheres necessitam de fazer "cenas" ciclicamente. Eu fico a olhar para ele de lado, como quem prefere não acreditar. Ele retorque de imediato que é tão certo como matemática, para eu aceitar a definição de "mulher". Prefiro não acreditar nas palavras dele, apesar de constatar que ele tem razão demasiadas vezes. Uma das miúdas mais queridas do mundo ouve a nossa conversa. Não diz que sim nem que não. Dá a entender, no entanto, que sim, que as mulheres têm oscilações de humor (como os homens) e que, pontualmente, fazem cenas (como os homens). Dá ainda a entender, corando um pouco, que há mulheres que abusam na dose, porque são mulheres. Falta-me a paciência. Cada vez mais. Mas recuso-me a aceitar a definição de "mulher" do outro. Se os homens não são todos iguais, as mulheres não podem ser todas iguais.
3.13.2006
Sair à noite. Segundo Marsalho.
2a feira. É uma óptima noite para se sair. Não se passa nada. Consegue-se estacionar à porta de qualquer sítio. Literalmente. Sabe bem quando não se saiu durante o fim-de-semana anterior. Um pequeno senão, com pouca importância: há muita coisa fechada. É a noite mais calma de todas, ideal portanto para conversas sérias ou significativas - não corremos o risco de nos distrairmos com a loira (ou morena ou ruiva) que passou por nós (porque não passou!). Não há operações stop.
3a feira. É uma boa noite para se sair. Constatar que ainda não é sequer 4a feira dá-nos uma sensação de liberdade: saímos quando queremos, porque podemos, e não estamos à espera do final da semana (isso é para os putos e para os velhos). Estaciona-se bem em todo o lado. Às vezes é melhor noite para se sair do que a noite de 2a feira - o corpinho-lag do fim-de-semana já passou e não estamos tão cansados como estamos 2a feira. Os veteranos da noite, que ficaram a chazinho na noite anterior, reaparecem e deixamos de ser os únicos na rua. Não há operações stop (se bem que é a noite preferida para a BT testar as maquininhas de checkar as multas em atraso).
4a feira. É o meio da semana. Por que não festejar? Ainda se estaciona bem, mas não em todos os sítios. Não há enchentes nas ruas, mas as ladies-nights presenteiam-nos com gajas sem gajos todas arranjadinhas. E que mais podemos desejar? Vêem-se grupinhos, elas todas doidas - é um regalo para os olhos. Uma operação stop é já uma possibilidade - convém evitar a 24 de Julho e zonas de discotecas.
5a feira. As melhores noites para se sair quando não procuramos a calma de uma 2a ou 3a feira. DJ que se preze vai ao Lux à 5a feira, e não à 6a ou ao Sábado. As noites de 5a são uma versão apurada das noites de 6a - já sai muita gente mas as pitinhas e os cotas esperam pela noite seguinte. Estacionar revela-se já uma tarefa frustrante. 5a feira podemos carregar um pouco no álcool, pois agonizar durante o dia de 6a não é tarefa impossível - a semana está a chegar ao fim. E o chefe também acha moralmente mais aceitável um gajo embebedar-se na noite de 5a do que na noite de 2a ou 3a. Não há operações stop - os cabrões estão a guardar-se para a noite de 6a.
6a feira. É uma noite de merda. Desde pitinhas de 13 anos a pedirem para ser comidas aos gajos do tuning, passando pela malta de Chelas e da Damaia que sai da toca, tudo é lamentável. Por outro lado, estamos cansados de uma semana de trabalho - não é humano aguentarmos até à discoteca (se lá formos, sabemos que vamos adormecer ao volante no caminho para casa). À 6a feira as pessoas são parvas, não sabem beber, não sabem estar. É o por em dia uma semana sem sair. A sair-se, apenas directo do trabalho para um jantar - seguindo-se os copos. Operações stop são aos magotes - é o vale tudo: desde afunilar a via-pública a cortar a auto-estrada (fodasse!).
Sábado. Potencialmente uma noite de merda. Temos a nosso favor estarmos menos cansados do que na noite de 6a. Mas apenas uma boa proposta nos faz sair de casa. Afinal, os gajos do tuning continuam nas estradas e as pitinhas de 13 anos continuam à espera de ser comidas (pela segunda vez na mesma semana). É a noite das aparências, a noite da produção. Se muita gente sai na noite de 6a com a roupa que levou para o trabalho, no Sábado a conversa é outra. Elas (e eles) tomam banhinho às 8 da noite e arranjam-se como se não houvesse amanhã. Operações stop ao magote. O melhor é mesmo beber até nascer o sol e esperar que a BT vá tomar o pequeno-almoço. Ou então não sair e ficar em casa a fazer coisas tão interessantes como dar banho aos peixes.
Domingo. Sair Domingo à noite é uma experiência gira. Como alguém alguma vez terá dito: é tipo um prolongamento quando pensávamos que o jogo tinha já terminado. A sensação de se beber uns copos na noite de Domingo é indescritível. Têm que experimentar por vocês. Igualmente indescritível é a sensação de se começar a semana ressacado. Apenas para profissionais ou jovens com menos de 25 anos.
2a feira. É uma óptima noite para se sair. Não se passa nada. Consegue-se estacionar à porta de qualquer sítio. Literalmente. Sabe bem quando não se saiu durante o fim-de-semana anterior. Um pequeno senão, com pouca importância: há muita coisa fechada. É a noite mais calma de todas, ideal portanto para conversas sérias ou significativas - não corremos o risco de nos distrairmos com a loira (ou morena ou ruiva) que passou por nós (porque não passou!). Não há operações stop.
3a feira. É uma boa noite para se sair. Constatar que ainda não é sequer 4a feira dá-nos uma sensação de liberdade: saímos quando queremos, porque podemos, e não estamos à espera do final da semana (isso é para os putos e para os velhos). Estaciona-se bem em todo o lado. Às vezes é melhor noite para se sair do que a noite de 2a feira - o corpinho-lag do fim-de-semana já passou e não estamos tão cansados como estamos 2a feira. Os veteranos da noite, que ficaram a chazinho na noite anterior, reaparecem e deixamos de ser os únicos na rua. Não há operações stop (se bem que é a noite preferida para a BT testar as maquininhas de checkar as multas em atraso).
4a feira. É o meio da semana. Por que não festejar? Ainda se estaciona bem, mas não em todos os sítios. Não há enchentes nas ruas, mas as ladies-nights presenteiam-nos com gajas sem gajos todas arranjadinhas. E que mais podemos desejar? Vêem-se grupinhos, elas todas doidas - é um regalo para os olhos. Uma operação stop é já uma possibilidade - convém evitar a 24 de Julho e zonas de discotecas.
5a feira. As melhores noites para se sair quando não procuramos a calma de uma 2a ou 3a feira. DJ que se preze vai ao Lux à 5a feira, e não à 6a ou ao Sábado. As noites de 5a são uma versão apurada das noites de 6a - já sai muita gente mas as pitinhas e os cotas esperam pela noite seguinte. Estacionar revela-se já uma tarefa frustrante. 5a feira podemos carregar um pouco no álcool, pois agonizar durante o dia de 6a não é tarefa impossível - a semana está a chegar ao fim. E o chefe também acha moralmente mais aceitável um gajo embebedar-se na noite de 5a do que na noite de 2a ou 3a. Não há operações stop - os cabrões estão a guardar-se para a noite de 6a.
6a feira. É uma noite de merda. Desde pitinhas de 13 anos a pedirem para ser comidas aos gajos do tuning, passando pela malta de Chelas e da Damaia que sai da toca, tudo é lamentável. Por outro lado, estamos cansados de uma semana de trabalho - não é humano aguentarmos até à discoteca (se lá formos, sabemos que vamos adormecer ao volante no caminho para casa). À 6a feira as pessoas são parvas, não sabem beber, não sabem estar. É o por em dia uma semana sem sair. A sair-se, apenas directo do trabalho para um jantar - seguindo-se os copos. Operações stop são aos magotes - é o vale tudo: desde afunilar a via-pública a cortar a auto-estrada (fodasse!).
Sábado. Potencialmente uma noite de merda. Temos a nosso favor estarmos menos cansados do que na noite de 6a. Mas apenas uma boa proposta nos faz sair de casa. Afinal, os gajos do tuning continuam nas estradas e as pitinhas de 13 anos continuam à espera de ser comidas (pela segunda vez na mesma semana). É a noite das aparências, a noite da produção. Se muita gente sai na noite de 6a com a roupa que levou para o trabalho, no Sábado a conversa é outra. Elas (e eles) tomam banhinho às 8 da noite e arranjam-se como se não houvesse amanhã. Operações stop ao magote. O melhor é mesmo beber até nascer o sol e esperar que a BT vá tomar o pequeno-almoço. Ou então não sair e ficar em casa a fazer coisas tão interessantes como dar banho aos peixes.
Domingo. Sair Domingo à noite é uma experiência gira. Como alguém alguma vez terá dito: é tipo um prolongamento quando pensávamos que o jogo tinha já terminado. A sensação de se beber uns copos na noite de Domingo é indescritível. Têm que experimentar por vocês. Igualmente indescritível é a sensação de se começar a semana ressacado. Apenas para profissionais ou jovens com menos de 25 anos.
Este fim-de-semana não saí. Não estou a falar de copos, gajas e borgas. Não saí. Mesmo. Tipo não saí de casa. Quer dizer, almocei fora no sábado, ali a 300 metros, e domingo de manhã tomei um café, ali a 50 metros. Mesmo quando não saio ao fim-de-semana, costumo sair. Bebo uns cafés, aproveito para fazer umas compras, dou uma voltinha sozinho para apanhar ar. Este fim-de-semana foi diferente. Tenho o carro no mesmo sítio desde 6a feira à noite, quando o estacionei às 4 e tal da manhã. Não saí. Mesmo assim, o tempo voou. Esqueci o telefone. Elas zangadíssimas porque não atendi o telemóvel. Fins-de-semana houve em que não saí e me senti terrivelmente mal domingo à noite; vazio, como se não tivesse aproveitado algo. Mas aproveitar o quê? Há bastante tempo que estou farto das saídas à noite ao fim-de-semana. Está tudo demasiado cheio. As pessoas estão demasiado parvas. A fasquia da obrigatoriedade da diversão está demasiado alta. Sair ao fim-de-semana para quê então? Não se diz que não a uma proposta irrecusável (ou simplesmente convidativa), mas sair por sair, por ser fim-de-semana, parece-me cada vez mais um disparate a evitar. Adoro sair durante a semana e vou conseguindo fazê-lo, apesar da iminência dos 30 (oh, realidade cruel!). Está tudo equilibrado, portanto. Aliás, diria mesmo que estou a ganhar. Saio quando gosto mais. Constato que as coisas importantes e interessantes da minha vida acontecem durante a semana. Deve ser por isso que nunca alguém me terá ouvido durante a semana suspirar para que chegue o fim-de-semana, ou a queixar-me pelo facto de ser 2a, 3a ou 4a feira apenas. Não entendo as pessoas para quem a semana é para trabalhar (obrigadas) e tudo é mau, e o fim-de-semana, isso sim, é sinónimo de coisas boas. No dia em que copos, jantares, compras, saídas, encontros, exercício, concertos, etc, forem actividades de fim-de-semana apenas, prefiro deixar de viver.
3.12.2006
The true cost of an action does not shown on your receipt, your profit & loss statement, or your portfolio. The true cost of an action is what you gave up to perform the action.
3.09.2006
Benfica nas Docas; musical dos Xutos no Toyota Box; copos em Santos - as três coisas mais improváveis do mundo para o jovem Marsalho. Mas tudo é possível, do nada, às sete da tarde, quando se está com um bom amigo. O conceito do Toyota Box é bem mais engraçado do que alguma imaginei, se bem que é sinistro assistir a um espectáculo lá com aquilo vazio (ok, estavam alguns amigos dos gajos da produção). Santos está bastante agradável (não estou a ser sarcástico, note-se) - seja por haver bares novos, seja por ser uma noite de semana, seja por estar fartinho fartinho fartinho fartinho fartinho do Bairro, seja por isto tudo junto (acho que é por aí). Ter que ver o Benfica... bom, era dispensável e não consegui evitar... mas haver cerveja e uma miúda gira à minha frente já não foi mau.
3.08.2006
Há muito tempo que deixei de ter paciência para fretes (se é que alguma vez tive) - o que, volta sim, volta não, me confere o estatuto de "besta", "anti-social" ou "cabrão insensível". Nos dias que correm, salvo honrosas excepções, faço apenas o que me apetece. É o lado bom de ganharmos o nosso, de não vivermos com os pais, de não partilharmos um apartamento com um amigo ou uma mulher, de termos peixes em vez de filhos. Há quem não consiga viver assim. Há quem se dê bem assim. Há coisas que desejo e ambiciono. (Ainda) acredito no amor, no respeito, na admiração, na partilha, na dedicação. Olho à volta. Não consigo identificar uma relação (uma que seja) que eu cobice, que eu inveje, que eu diga "é aquilo! quero uma daquelas". Questiono-me se estarei cada vez mais exigente (insuportavelmente exigente). Questiono-me se estarei cada vez mais seguro do que (não) quero da vida (perigosamente seguro). Certeza tenho apenas que estou cada vez mais sereno. Às vezes sinto-me só. Mas quase sempre gosto dessa solidão. Às vezes não gosto de gostar. Mas olho à minha volta... e não há muito a fazer. Não tenho paciência para fretes.
3.07.2006
Gajas queridas e meigas precisam-se. Estou farto de gajas de pelo na venta. Ide chatear Camões. Mesmo.
Quero casar. Segundo o simulador de IRS, a diferença entre ser solteiro e casado é a diferença entre não ter nada a receber e ter a receber uns valentes milhares de euros. Quero casar.
3.05.2006
(Re)descobri este fim-de-semana que gosto de gajas que acordam cedo. Gajas que se deitam tarde. Gajas que não se queixam o dia todo. Gajas que não têm sono constantamente. Gajas que gostam de andar. Gajas que gostam de ver e conhecer. Gajas alegres. Gajas bem-dispostas. Gajas com sentido de humor. Gajas com poder de encaixe. Adorei ir ao Porto convosco!
3.02.2006
Sabe mesmo bem um gajo enganar-se a preencher o IRS e constatar que tem a receber quase 1500 EUR. Por momentos, suspiramos de contentamento e deixamos fugir um "ahhhhhh... mas que belo país este afinal, onde compensa bulir duro..." Já não sabe tão bem constatarmos que as contas estão mal feitas e que, não só não temos nada a receber, como por pouco não temos que pagar. E é aí que nos foge um "fodasse, filhos da puta do caralho, anda um gajo a descontar que nem um animal e nem direito a assistência médica de jeito um gajo tem!"
3.01.2006
Fica mais uma "mania", da qual me orgulho particularmente...
11. Desfazer malas AT ONCE! Faça chuva ou faça sol, regresse eu da Austrália ou simplesmente do Porto, mal chego a casa (depois de uma viagem) desfaço logo as malas. Não tenho memória de alguma vez ter adiado a inevitável tarefa. Na verdade, passada uma hora depois de ter entrado em casa é mais que provável ter já as malas desfeitas e a roupa a lavar. Não consigo perceber as pessoas que deixam o assunto para o dia seguinte. E nem sequer vou falar naquelas que uma semana depois ainda vão às malas em vez de irem às gavetas. Diria que a velocidade com que desfaço as malas é directamente proporcional à aversão que tenho em fazê-las.
11. Desfazer malas AT ONCE! Faça chuva ou faça sol, regresse eu da Austrália ou simplesmente do Porto, mal chego a casa (depois de uma viagem) desfaço logo as malas. Não tenho memória de alguma vez ter adiado a inevitável tarefa. Na verdade, passada uma hora depois de ter entrado em casa é mais que provável ter já as malas desfeitas e a roupa a lavar. Não consigo perceber as pessoas que deixam o assunto para o dia seguinte. E nem sequer vou falar naquelas que uma semana depois ainda vão às malas em vez de irem às gavetas. Diria que a velocidade com que desfaço as malas é directamente proporcional à aversão que tenho em fazê-las.
Quando a simpática gestora de conta me ligou logo pela manhã - fresca e jovial como é seu apanágio - e me informou em breves segundos que tinha havido um problema ao mexerem na minha conta, para eu não me preocupar, estava longe de imaginar que no primeiro dia do mês veria o meu saldo a 700 euros NEGATIVOS! Aaaaaaalguém tem a boooooondaaaaaade ou a poooosiblidaaaade me aaaaaaauxiliar, por favor!?